sábado, 19 de dezembro de 2009

#13 - Deconstructing Harry (1997)

Lembram-se daquele Woody Allen neurótico, que recusava sair de Nova York, odiava a imprensa e fazia filmes herméticos? Pois ele mudou muito. Nada como um romance e posterior casamento com uma moça quarenta anos mais nova que ele para virar a cabeça de qualquer sessentão. Allen surtou e a prova disso está ''Desconstruindo Harry'' que nos chegou com atraso de dois anos.

Pela primeira vez num filme ele utiliza palavrões (de monte), brinca explicitamente com sexo (uma das cenas chaves mostra um casal adúltero fazendo sexo oral) e até faz confissões (seu personagem adora prostitutas!). Felizmente este surto tem momentos geniais. A partir da primeira seqüência ele procura também a desconstrução da imagem.

É a história de Harry Block, um escritor em bloqueio criativo que faz uma viagem para receber um prêmio em sua antiga escola. Mas Woody não tem pudor em desperdiçar idéias brilhantes em meros episódios passageiros. Tem até Demi Moore fazendo pontinha e Robin Williams como um homem que está meio fora de si (e por isso sempre aparece desfocado!).

Nem todas as idéias dão certo quando ele dá vida a seus personagens fictícios (está ficando cada vez mais árduo separar a ficção de sua autobiografia). Mas o amor lhe rejuvenesceu. Woody parece um jovem cineasta, fervilhando de idéias e criatividade. Uma pena que justamente nesse momento ele tenha perdido seu público. Nos Estados Unidos e aqui, a platéia se afastou dele, praticamente o esquecendo. Mesmo assim, Allen continua a ser um dos poucos grandes cineastas ''autores'' americanos. Um pouco gagá mas sempre genial.
POR: Rubens Ewald Filho