quarta-feira, 30 de setembro de 2009

História de Amor à la The Beatles

Definitivamente é um filme interessante, gostei das musicas, dos atores, da história romântica e do contexto colocado. Acho que passou de forma diferente o ponto de vista da classe média americana naquele momento histórico e não achei que colocaram efeitos especiais demais. Gostei da fotografia, bem típica e psicodélica. Adoro o ator principal que interpreta Jude (Jim Sturgess) muito bom e muito fofo (adoro o sotaque particularmente), Evan Rachel Wood é ótima, como sempre, e o melhor tem Bono!!! É bom ter algo diferente sobre aquela época, cansada do modelo "miss Saygon" ou "Paz e Amor"... Não lembro do que eu não gostei, o que é bom afinal.

NOTA LISTAL: 7,0

domingo, 27 de setembro de 2009

Musical ou crime histórico?

Esse foi, definitivamente, um dos piores musicais de toda a minha vida! E eu adoro musical! High School Musical merece o Oscar perto dessa produção de merda (Não entendam mal. High School Musical não é digno de nada mais que o teen choice...e disso ele é porque...bem...são os adolescentes que escolhem. Só por isso!). Vamos por partes:

O filme é, NADA MAIS QUE UMA COLAGEM de músicas dos Beatles.
A preocupação com a fidedignidade das coisas é tão inexistente que ATÉ O MEIO DO FILME, QUANDO DIZ VIETNÃ, NINGUÉM NOTA QUE NÃO É UM FILME QUE NÃO SE PASSA NO MOMENTO ATUAL.
O filme faz uma relação patética entre personagens e nomes citados em músicas dos Beatles. Era pra eu rir quando Sadie disse que Max poderia ter matado a avó com uma martelada?
A PIOR PARTE DO FILME É ELE TODO. Isso porque o roteiro não passa de um mix aleatório de letras dos Beatles, com o qual fica impossível dar uma profundidade aos personagens, sem contar que a história fica sem nexo. Além disso, a preocupação que as músicas ficassem bonitinhas não permitiu sequer uma lógica com o momento dos personagens. Sério, uma pessoa no leito do hospital cantando como se estivesse em um campo florido?
ELES DESTRUÍRAM A LEITURA DO QUE FOI O MOVIMENTO HIPPIE. A versão hippie chic deles de história destruiu qualquer noção de ideologia ou de revolta dentro do filme. Você não entende porque pessoas tão superficiais e tão desligadas do mundo estavam engajados.
LARGARAM UM ESTUDANTE EM SEU PRIMEIRO ESTÁGIO NA SALA DE EDIÇÃO. Definitivamente, alguém estava descobrindo a tecnologia de efeitos especiais. Qual a necessidade de usar todos os efeitos especiais em um único filme? Exagero e falta de lógica (e, observo, que nenhum deu sequer a mais remota noção de psicodelismo, se foi isso que tentaram).
E, para todos aqueles que gostam dos Beatles, ELES DESTRUÍRAM TODAS AS MÚSICAS QUE OUSARAM INSERIR NO REPERTÓRIO.

Meu comentário saiu curto, porque a maior parte dos adjetivos que me vêm à cabeça não são apropriados para uma publicação.

PS.: Se alguém está pensando: coitados deles! É um filme feito por jovens inexperientes! Não, não é! A diretora é a mesma de Frida, e os roteiristas têm trabalhos que antecedem o meu nascimento.

NOTA NO LISTAL: 2.0

#6 - Across the Universe (2007)


Across the Universe is a 2007 American musical film directed by Julie Taymor, produced by Revolution Studios, and distributed by Columbia Pictures. It was released in the United States on October 12, 2007. The script is based on an original story credited to Taymor, Dick Clement, and Ian La Frenais. It incorporates 33 compositions originally written by members of The Beatles.
The film, directed by Taymor, stars Evan Rachel Wood, Jim Sturgess, Joe Anderson, and T. V. Carpio, and introduces Dana Fuchs and Martin Luther McCoy as actors. Cameo appearances are made by Bono, Eddie Izzard, Joe Cocker, Salma Hayek, and others.
Opening to mixed reviews, Across the Universe was nominated for both a Golden Globe and an Academy Award. Two members of the supporting cast, Carol Woods and Timothy T. Mitchum, performed as part of a special Beatles tribute at the 50th Grammy Awards.



OBS.: Tive que colocar o resumo em inglês porque odeio quando escrevem "estadunidense" como estava na tradução para o português!!


sábado, 26 de setembro de 2009

Filme 5: A insustentável leveza do ser

Antes de mais nada, como o objetivo do blog é, de certa forma, discutir os filmes (e pela primeira vez as opiniões foram muito discordantes), vou falar sobre o que discordo sobre o post de Blake.

1 - Thereza foi injustiçada. Acho que, verdadeiramente, ela é a personagem mais forte do filme. É a única equilibrada que ama e quer ser amada e toma o rumo de sua vida. Politicamente, não fica pra traz. Pode não ser partidarista, politizada no sentido de participante do núcleo político, mas ela, durante a invasão de Praga, é a verdadeira indignada com a situação. Ela vê o que estava sendo feito com o povo e se indignou com isso. Foi corajosa à ponto de se arriscar, por acreditar que a denúncia de tais absurdos era seu dever, sua forma de se impor politicamente à situação. Quando foge de Praga, após seu retorno, não é pela "feiura" da cidade, mas por, pela primeira vez, se sentir realmente oprimida pelo sistema. E isso só foi possível porque tocaram no ponto mais verdadeiro dela: seu amor por Thomaz. Quando a suspeita de que o engenheiro fosse um agente chantagista que revelaria, ou ameaçaria revelar suas fotos, para Thomaz, aí ela abandonou tudo para se refugiar no campo.

2 - Thomaz é um personagem um pouco mais denso que a superficialidade demonstrada por ele. Acho que a ele é dedicado com mais ênfase o título da obra. Apesar de sua tentativa, não com a sua verdade (como é o caso de Thereza, que não tenta provar nada, mas se permite criar um ponto de vista individual sobre as coisas. Sem submetê-las a preceitos maiores, mas julgando-as à partir de uma visão mais ampla), mas com o seu princípio de vida - de viver a vida de forma leve, ele passa superficialmente por tudo que perturba esse seu dogma. Porém, essas pequenas afirmações de seu estilo são feitas quando ele não põe em risco o que realmente é importante para ele: o amor de Thereza. Quando ela regressa para Praga, toda sua filosofia é posta de lado, e ele assume a força do amor dele por ela (maior que qualquer noção física ou ideológica de liberdade). Ele se permite afirmar politicamente enquanto isso não interfere no seu romance.

3 - Sabine é a mais sábia, e a mais superficial das personagens. Se me perguntassem com qual atitude perante o ocorrido em praga eu concordo mais, certamente, minha resposta é: com a atitude de Sabine. Lutou para se preservar e tentar uma vida saudável. Sua superficialidade está exatamente aí. Ela é uma personagem que não se permitiu amadurecer. Enquanto os demais personagens se permitiram mudar com o tempo, ela manteve sua superficialidade, numa vida nômade, onde não precisa se aprofundar em nada porque não se apega com nada. Uma personagem um tanto Seinfeld - começou e terminou o filme na mesma. Ela não era livre, mas prisioneira de medos - como o de um relacionamento mais profundo.

Bem, de resto, é um filme muito bonito e muito denso quanto à natureza das relações. Em determinados momentos, eram mostradas cenas fotograficamente perfeitas. Até salvei algumas no meu computador, mas a cena para mim digna de troféu é a cena dos homens jogando xadrez na terma (segue abaixo)




















NOTA NO LISTAL: 9.0

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

“Não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!”


O que eu posso falar desse filme?? Bem, é muito parecido com o livro, que, por sinal, é meu livro favorito, e por isso é muito bom, gostei muito de como ele colocou algumas partes que são narradas no livro, como a diferença entre leveza e peso nas falas dos personagens, foi muito bem arrumado realmente. Foram também reportadas cenas importantes do filme e de forma muito fidedigna à idéia do autor do livro, os atores conseguiram mostrar o que cada personagem realmente representava, a minha favorita é Sabina e a atriz que a interpreta (Lena Olin) é brilhante! Acho que o personagem que foi menos aproveitado foi Franz mas realmente não dá pra retratar tudo, e olha o que filme já é bem longo. Gostei muito das cenas da Primavera de Praga, muito bem alocadas em preto e branco, com um tom de cenas antigas e os atores misturados a tudo isso, muito bom mesmo. Falando um pouco dos personagens:

1. Franz: o homem que trai a esposa e que é acomodado e acha bonitinhos os protestos, mas não se importa com as causas. (No livro ele é mais idiota, mas no filme fala-se pouco dele).


2. Thereza: inocente e jovem querendo viver o que ela via nos livros, cai na real que o amor (amor esse que talvez seja apenas mais uma tentativa desesperada de sair daquela cidadezinha vazia, tentativa de viver algo diferente, pressupondo que Tomas era diferente dos outros porque, ao contrário dos outros homens da cidade dela, ele tinha um livrinho nas mãos?!). Sua opinião política é inexistente, ela vai com o momento, resolveu participar da manifestação e se envolveu pelo momento, mais preocupada em bater fotos do que verdadeiramente com o propósito da ocasião. Com o tempo ela fica muito menos envolvida com a parte política e acho que sua ida para o interior demonstra isso, além do fato de ela estar fugindo da “feiúra” que Praga agora representa pra ela.


3. Tomas: O homem que acha que a vida é leve, o que para ele significa que não se pode controlar as coisas, as atitudes, os desejos, as ânsias, acha que se vive e pronto sem chances de consertar o que já foi vivido, e por isso vive a vida como se tudo se bastasse por si só, como se as outras pessoas complicassem a vida, acaba caindo na armadilha de Thereza que chega em sua casa de mala e cuia sem intenções de voltar pra província que ela morava e o compra com sexo e o prende com algo que nem ele sabe o que é mais que ainda não reconhece como amor porque na verdade não sabe o que é mesmo amor, e acha que pode simplesmente fazer tudo o que ele fazia antes sem afetar ninguém mas começa a perceber que nem tudo é leve como ele pensa. As vezes ele encara Thereza meio como louca mas sabe que o que ela está falando é completamente verdade. Acho que no fim ele começa a entender o que é amor e realmente entende que ama Thereza. Em relação à política, ele critica, mas nada faz, quer dizer, ele escreve um artigo sobre uma teoria que ele criou muda muita coisa por causa do editor, e acaba sofrendo as conseqüências disso quando retorna a Praga sob governo soviético, mas nem ele mesmo dá importância ao texto que escreveu, só não assinou a carta que o governo mandou ele assinar para não ceder e acho que pra não se sentir humilhado como o restante das pessoas que trabalhavam com ele no hospital. Participou da caminhada mas era fraco o suficiente para ficar sempre escondido nas laterais do movimento, nem quando Thereza foi bater as fotos de perto e entrar na confusão verdadeiramente ele quis se envolver, via tudo de fora, como um telespectador medroso.


4. Sabine: alma artista, atitude de artista, talvez a única verdadeiramente leve na história, sem amarras de nenhum tipo, quer dizer, ela é um pouco presa a Tomas de um jeito diferente, que a impede inicialmente de gostar de Thereza, mas que não é amor ou paixão, talvez um sentimento do posse... não sei. É egocêntrica e narcisista, como nas cenas que ela faz sexo se olhando no espelho ou quando põe o espelho no chão e fica se observando. Gosta de viver a vida, é impulsiva e como ela mesma diz “adora abandonar tudo”, é aquela que mais ver as coisas com clareza provavelmente porque não é apegada a nada e consegue separar emoção, que ela não tem muita, de olhar crítico e ácido. O seu ponto de vista dá um tom mais realista e banal às ações políticas que estão ocorrendo.


  • Algumas informações úteis:
    A invasão soviética a praga e à república tcheca: Em 1968 a cidade foi cenário do movimento popular que se tornou conhecido como Primavera de Praga, que resultou na invasão das tropas do Pacto de Varsóvia. As manifestações populares de repúdio à ocupação se multiplicaram e foram reprimidas com violência. Em 31 de dezembro de 1992, com a dissolução dos laços que uniam checos e eslovacos numa federação única, Praga deixou de ser a capital da Checoslováquia e passou a ser capital da República Checa.(Wikipedia)
    Primavera de Praga: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_de_Praga
    Revolução de Veludo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_Veludo

  • Algumas observações inúteis:
    Muitos, muitos pêlos nas axilas de Juliete Binoch!!
    O ator que faz Tomas não é bonito!! Além do que, me lembra o ator de Two and a Half men!!

NOTA DO LISTAL: 9,0

#5 - The Unbearable Lightness of Being (1988)




Resumo e-pipoca (http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=8112)

A Insustentável Leveza do Ser
(The Unbearable Lightness of Being, EUA, 1988)


Gênero: Drama
Duração: 171 min.
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Distribuidora(s): Warner Home Vídeo
Produtora(s): The Saul Zaentz Company
Diretor(es): Philip Kaufman
Roteirista(s): Milan Kundera, Jean-Claude Carrière, Philip Kaufman
Elenco: Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, Derek de Lint, Erland Josephson, Pavel Landovský, Donald Moffat, Daniel Olbrychski, Stellan Skarsgård, Tomek Bork, Bruce Myers, Pavel Slaby, Pascale Kalensky, Jacques Ciron, Anne Lonnberg

SINOPSE
Baseado no romance de Milan Kundera, a história fala de um jovem cirurgião que se refugia em Praga. Sedutor, ele está mais preocupado como sua liberdade e na busca de uma felicidade alheia a compromissos ou ideologias políticas. Mas é surpreendido quando sua emoção passa à frente da razão.

Candy Girl

Adorei o filme. Provavelmente, já que duas pessoas me disseram que é bom, mas não sensacional, ele não é tão interessante quanto eu achei. Até porque faz séculos que não assisto a um filme simplesmente divertido e não frequento cinema há uma eternidade. Então, me diverti horrores. Como me disseram que esse não é nem dos melhores filmes da dupla Shirley MacLane e Jack Lemon (que para minha decepção, não tem um senso de humor azedo ainda jovem), acho que vou assistir a muitos outros.
Não tenho muito o que comentar. É uma comédia romântica. Sabe como é. O mocinho conhece a mocinha (nesse caso, uma prostituta), se apaixonam, tem um grande rolo e, no final, tudo se esclarece, unindo os dois, felizes e apaixonados.

NOTA NO LISTAL: 10.0

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Irma... doce??

Cute Movie!! Achei interessante esse filminho parisiense, uma versão americana e estereotipada de Paris, mas mesmo assim, com toque francês sutil. Gostei da atriz, muito bonitinha e com boa interpretação, mas a vozinha é meio chatinha. O ator me lembra um professor meu da faculdade, mas enfim, mostrou graciosamente como ser bonzinho não é lá grande coisa quando as coisas ao seu redor não funcionam como você acha que deveriam funcionar, conseguiu passar muito bem a idéia do inocente que é levado para o “lado negro da força” forçozamente, mas que consegue, de certa forma, se adaptar bem ao ambiente adverso e começa até a entendê-lo, mas obviamente ele não agüenta dividir a mulher com mais ninguém, como, aliás, acontece em todos os filmes de prostitutas, ele sente ciúmes e quer que ela pare de trabalhar nesse ramo... me lembrou Moulin Rouge até, talvez eles tivessem se inspirado um pouco nesse filme... mas então, cria toda aquela novela do cara que paga pra ela não fazer sexo e acaba novamente quebrando a cara porque ela tenta trocá-lo pelo rico, tenta sim, mesmo o motivo dessa troca sendo nobre, ela tenta trocá-lo pelo rico, como em todas as histórias reais.
O cachorro é muito, muito fofo, eu particularmente não aprecio os puddles, mas esse era fofo e, como disse antes, bem francesinho no seu estereotipo.
Aquelas meias verdes dela não me agradaram, as vezes, me lembravam O Grinch...
O filme é bom, mas é longo e a história é meio batida, toda igual a qualquer outra historinha do gênero, não há efetivamente nada de novo, pode até ser que naquela época isso fosse novo, o que obviamente valoriza o filme.

NOTA DO LISTAL: 7,0

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Irma La Douce


Em 1963, quando ainda existia Código de Produção e auto-censura dos estúdios, era uma ousadia fazer um filme sobre uma prostituta e seu cafetão - mesmo quando realizado pelo mestre Wilder, habituado a quebrar tabus e com a mesma dupla de atores do sucesso "Se meu Apartamento Falasse". Originalmente era uma peça de Alexandre Beffort com música de Marguerite Monoud, montada nos EUA em 60, mas Wilder e seu habitual parceiro I. A. Diamond tiveram a ousadia de cortar todas as canções, deixando as melodias apenas como fundo musical arranjados por André Previn, que, por sinal, ganhou o Oscar de arranjos musicais. O filme também foi indicado por melhor atriz (Shirley) e fotografia.

O projeto inicial era para ser como Marilyn Monroe (que morreu antes) ou Elizabeth Taylor (que estava no auge do romance com Burton e, portanto, criando problemas) e com o grande Charles Laughton como Moustache (ele estava muito doente e o papel foi reduzido). Toda a ação se passa no bairro parisiense de Lês Halles, que era o grande mercado local e que logo iria ser totalmente demolido (hoje em dia é um enorme parque e centro cultural, Georges Pompidou). Fora algumas externas, tudo foi reconstruído em estúdio.

Não é das obras-primas do diretor. Um pouco arrastado e longo, com momentos mortos, elenco de apoio duvidoso, o humor ficando num meio-termo (a
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ousadia não pode ir muito longe e acaba tornando tudo meio conto de fadas, com o eterno clichê da prostituta do coração de ouro). O charme do filme recai muito em cima da dupla central, que já teve melhores momentos. Mas ainda está acima da média. Estréia no cinema de James Caan.

Por Rubens Ewald Filho

Veja o Trailer a seguir:

Sinédoque, Nova Iorque

Bem, que Charlie Kaufman é meu roteirista predileto, já é fato desde Adaptação. Porém acho que o salto para a direção foi um tanto brusco. Se em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança e em Adaptação ele não tinha a autonomia para fazer de sua obra algo completamente pessoal, eram filmes que permitiam que o público viajasse em suas rotas introspectivas, nesse o elo entre filme e público ficou meio perdido. Não me refiro a Quero Ser John Malkovich porque, desse filme, não tenho nada a declarar. Senti que era um filme bastante interessante, mas não captei.
Voltando, Kaufman com a faca e o queijo na mão significa, ou significou nesse caso (espero que haja uma evolução com o tempo), que muito poucos poderiam tirar uma mordida. Sinceramente, não me incluo nesse grupo, mas não acho que seja um problema esse tipo de arte mais pessoal. Porém, temo porque ele não lida com filmes de baixo orçamento, mas com a grande indústria do cinema. Se não tiver público para reverter o custo de suas obras em retorno financeiro, temo que ele seja riscado da lista de investimentos.
Então, parando de falar sobre como não quero que Charlie Kaufman pare de fazer filmes, vou iniciar com as coisas óbvias. O filme é iniciado em um ambiente familiar artístico. No entanto, Caden e sua mulher não compartilham de nada além de uma casa e uma filha. Ele, enquanto artista introspectivo, niilista, neurótico e hipocondríaco, aos poucos tem sua imagem refletida pela filha pequena, que tem preocupações com a saúde que não são naturais de sua idade. Até aí, está tudo claro. Até porque Kaufman entrega o jogo quando ela se senta para o desjejum e se recusa a comer cereais, optando por um sanduíche igual ao do pai (que olha para ela, reconhece a semelhança e sorri).
A mãe, por outro lado, é uma artista de miniaturas (é necessário o uso de lentes de aumento para enxergar seus quadros) e possui uma filosofia de vida muito mais expressiva e extravagante. Possui uma grande amiga que fala para Caden, em certo momento, que não interessa se gostem de sua obra, mas a sua (de Caden) satisfação artística. Nesse ponto é colocada a contradição, onde ele, em sua introspecção, tenta se expressar para o mundo e espera a apreciação. Elas, por sua vez, estão fazendo a arte na busca da satisfação pessoal. A peça de Caden, para as duas, é sofrível. Ele, porém, não deixa claro o que acha das obras da mulher, que o deixa, levando a filha consigo.
Depois disso, vem uma enorme e massante história sobre a produção da peça que ele inicia com a verba de um fundo de incentivo a grandes artistas. Acho que à partir daí, a obra toma outro nível de compreensão. Deixa de ser uma realidade para ser uma visão artística de Caden sobre o mundo. Ele se relacionou, então, sem nunca conseguir ter relações sexuais, com uma assistente que compra uma casa "pegando fogo que nunca é consumida" (grande metáfora para...bem, não sei pra que. Se alguém souber, me diga, por favor! Como comecei a enxergar como se fosse a leitura dele do mundo, até me passou pela cabeça se ele, presunçosamente - ele não era um artista humilde - não achava que ela o desejava tão intensamente. Isso porque, só quando eles finalmente fizeram sexo, ela morreu asfixiada em sua casa, já idosa. Mas não acho realmente que seja isso...e nem sei se não deveria apagar esse comentário. Já estou vendo quem ler isso rindo da interpretação ridícula rsrsrsrs). Depois se casou com a atriz principal de sua peça. Com o passar dos anos, o galpão escolhido para sediar a peça não parecia em nada com um teatro, mas com uma replica perfeita da cidade de nova iorque. Seus personagens, trabalhados de forma desgastante por mais de 17 anos, tentam se aproximar do que ele considera a essência dos personagens e têm um objetivo platônico de alcançar a perfeição. Nessa brincadeira, onde a arte imita a vida, a vida também passa a imitar a arte, quando surge um personagem que interpreta e substitui Caden quando necessário, após passar 20 anos o observando. Então, começa uma briga de alter-egos durante o filme, onde a peça deixa de estar sobre o controle do diretor, e passa a se auto dirigir. Porém, a autodireção da peça tende à fazer dela parte do cotidiano...o que é óbvio, nunca será uma peça real, para apresentação do público, por nunca estar completa.

Nota no Listal: 7.0

SYNECDOCHE, NEW YORK

Primeiros 30 min de filme: insuportáveis, não tenho nem o que comentar... Próximos 30 minutos: nada a comentar... E aquela casa pegando fogo??? Fale sério... pelo amor de deus, qual era a doença do cara?? Brotuejas?? Ao Deus!! Não gosto de filmes psicodélicos.

NOTA DO LISTAL: 5,0

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sinédoque, Nova Iorque - o filme da semana passada

Comentários de Rubens Ewald Filho


Esperava-se muito da estréia na direção de Charlie Kaufman que ficou famoso como roteirista, tendo ganhado o Oscar por Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (02), tendo indicações também por Adaptação (02) e Sendo John Malkovich (1999). Mas depois de fracassar concorrendo ao Festival de Cannes de 2008, este estranho filme provocou reações desencontradas nos EUA, na base do ame-o ou odeio-o. O fato é que Kaufman exagerou na dose, fazendo um filme fechado, difícil de se suportar e analisar, a partir de um título para o qual não há explicações no seu desenrolar (ele sugeriu que as pessoas procurassem no dicionário, onde se diz que sinédoque é uma figura literária quando se pega a parte pelo todo, por exemplo dizer 50 velas em vez de 50 navios, o todo por uma parte (como falar em sociedade por alta sociedade), a espécie pelo genérico (cortador de gargantas por assassino), gênero pela espécie (criatura em vez de homem), ou nome do material de que é feita a coisa (a madeira de que é feita o palco em vez de palco). Mas o título do filme também é uma brincadeira com o lugar onde se passa a história, Schenectady, Nova York, um lugar que tem o Zip Code (de 12345).

Já de princípio tenho implicância com autor que não dá as chaves na obra para ela ser bem compreendida. Mas as pessoas, intelectuais digamos assim, gostam desse tipo de quebra cabeça e podemos pelo menos afirmar que Kaufman é mais consistente e sério que qualquer Lynch. Mesmo que por vezes incompreensível pode ser achar que Kaufman é pretensioso, mas sua inquietação ao menos parece sincera.

A história é centrada num diretor teatral chamado Caden Cotard (Hoffman), que tem paralelos com Proust, e teria uma doença chamada Síndrome de Cotard, que provarão ilusões negativas e nihilistas. Ele é casado com uma artistas plásticas (Keener) e pai de uma garotinha. Consegue uma grande verba para montar um super espetáculo de teatro de vanguarda e o tempo vai passando sem que os personagens percebam (porque os espectadores estão muito conscientes do sofrimento). Tem uma piada ótima quando um dos atores diz: mas faz 17 anos que ensaiamos e ninguém viu ainda!

A esta altura já ficou claro que se trata de um filme experimental, que brinca com a estrutura e o tempo cinematográfico. Ou seja, a expectativa já vira outra. Não espere muita coerência, aceite vôos de imaginação pela fantasia e a abordagem de forma inaudita dos grandes medos do ser humano: solidão, morte, doença, futilidade. Não é uma diversão recomendada a ninguém que queria um entretenimento leve e passageiro. Nem pensar. Assistir a segunda parte do filme é um exercício penoso.

Não cabe aqui uma análise mais aprofundada. Mas espero que tenham aqueles que a façam. Quem sabe quando eu vou rever o filme num bom cinema. Ele merece esse respeito ao menos.

(Fonte: http://www.rubensewaldfilho.com.br/home/cinema_detalhe2.asp?paNFilme=1644)

Uma curta história de amor...

Eu até gostei da Trilogia das Cores, mas realmente achei esse filme monótono... Não sei se porque sou adepta da idéia clichê do amor ideal, ou a velha comédia romântica americana, mas realmente não gostei do amor platônico estereotipado na idéia da mulher mais velha, experientíssima, mas frustrada com o amor X o menino imaturo, romântico, inexperiente que tenta mostrá-la o verdadeiro amor... pra falar a verdade acho que essa história de mulher mais velha e menino novo foi suficientemente explorada em “A primeira Noite de um Homem” e não acredito que caiba mais essa idéia em filmes... na verdade é até engraçado em “American Pie”. Enfim, não gostei muito, fiquei com sono, minha legenda não estava muito sincronizada e eu realmente não entendo nada em polonês,mas acho que não perdi muita coisa com minha falta de sincronia, afinal o filme é lento o suficiente pra não atrasar muito o entendimento da cena.

O que ei gostei foi da fotografia, principalmente a cena em que ela encosta no vidro com bolinhas vermelhas cor de sangue e descobre porque ele cortou os punhos (como se alguém morresse cortando os punhos... tão clichê...), a cor da cama dela sempre vermelha, e o contraste da mesmice da cidade marrom-acinzentada. Gostei dos atores também, nunca os vi na vida, mas gostei da encenação. Bem, só gostei disso.

NOTA DO LISTAL: 7,0 (por respeito ao diretor)

sábado, 5 de setembro de 2009

Um filme curto sobre amor

Bem, eu curto Kieslowski, pelo visto. Não é qualquer pessoa que consegue fazer um filme com uma estória meio incompleta ficar legal. Em suma, é um filme que conta com um personagem masculino (que vale ressaltar, é um jovem de 19 anos virgem, sem vida social e que mora com uma senhora de idade) perturbado por uma obsessão romântica, que cria uma rotina de vida ao redor da mulher amada de forma a interagir o máximo possível com ela sem se revelar. Enquanto não tem coragem de se expor, o que pode ser devido à diferença de idade ou falta de experiência, esforça-se em atrapalhar os diversos romances que a mulher tem durante o 1 ano em que a observa. Obviamente é um personagem ingênuo, que , apesar dos diversos crimes que ele cometeu (rsrs), não deseja de forma alguma prejudicar conscientemente a pessoa amada, colocando-se em risco de prisão ao revelar-se ao ver ela ser injustiçada por algo que ele fez.
Ela, por sua vez, é uma mulher atraente, que não acredita em amor. A sua última experiência romântica (que não condiz com a sexual) foi um homem que a largou para ir à Austrália. Ele tentou manter contato através de cartas, mas como Tomek (o jovem) trabalhava nos correios, tinha acesso às cartas e as interceptava. Ela é, aparentemente, uma artista plástica que não faz muito sucesso e que tenta confrontar Tomek. Por fim, ela causa a ele um constrangimento tamanho que o leva à tentativa de suicídio. Numa mistura de remorso e, o que creio mais, compreensão do que é uma obsessão romântica, ou satisfação de ser objeto de observação de alguém, ela começa o visitá-lo esperando que ele se recupere.

É por isso que não curto Gabriel Garcia Marquez. Não é por o personagem ser doentil e obsessivo que ele tem que ser detestável.

NOTA NO LISTAL : 9.0