quinta-feira, 24 de setembro de 2009

“Não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!”


O que eu posso falar desse filme?? Bem, é muito parecido com o livro, que, por sinal, é meu livro favorito, e por isso é muito bom, gostei muito de como ele colocou algumas partes que são narradas no livro, como a diferença entre leveza e peso nas falas dos personagens, foi muito bem arrumado realmente. Foram também reportadas cenas importantes do filme e de forma muito fidedigna à idéia do autor do livro, os atores conseguiram mostrar o que cada personagem realmente representava, a minha favorita é Sabina e a atriz que a interpreta (Lena Olin) é brilhante! Acho que o personagem que foi menos aproveitado foi Franz mas realmente não dá pra retratar tudo, e olha o que filme já é bem longo. Gostei muito das cenas da Primavera de Praga, muito bem alocadas em preto e branco, com um tom de cenas antigas e os atores misturados a tudo isso, muito bom mesmo. Falando um pouco dos personagens:

1. Franz: o homem que trai a esposa e que é acomodado e acha bonitinhos os protestos, mas não se importa com as causas. (No livro ele é mais idiota, mas no filme fala-se pouco dele).


2. Thereza: inocente e jovem querendo viver o que ela via nos livros, cai na real que o amor (amor esse que talvez seja apenas mais uma tentativa desesperada de sair daquela cidadezinha vazia, tentativa de viver algo diferente, pressupondo que Tomas era diferente dos outros porque, ao contrário dos outros homens da cidade dela, ele tinha um livrinho nas mãos?!). Sua opinião política é inexistente, ela vai com o momento, resolveu participar da manifestação e se envolveu pelo momento, mais preocupada em bater fotos do que verdadeiramente com o propósito da ocasião. Com o tempo ela fica muito menos envolvida com a parte política e acho que sua ida para o interior demonstra isso, além do fato de ela estar fugindo da “feiúra” que Praga agora representa pra ela.


3. Tomas: O homem que acha que a vida é leve, o que para ele significa que não se pode controlar as coisas, as atitudes, os desejos, as ânsias, acha que se vive e pronto sem chances de consertar o que já foi vivido, e por isso vive a vida como se tudo se bastasse por si só, como se as outras pessoas complicassem a vida, acaba caindo na armadilha de Thereza que chega em sua casa de mala e cuia sem intenções de voltar pra província que ela morava e o compra com sexo e o prende com algo que nem ele sabe o que é mais que ainda não reconhece como amor porque na verdade não sabe o que é mesmo amor, e acha que pode simplesmente fazer tudo o que ele fazia antes sem afetar ninguém mas começa a perceber que nem tudo é leve como ele pensa. As vezes ele encara Thereza meio como louca mas sabe que o que ela está falando é completamente verdade. Acho que no fim ele começa a entender o que é amor e realmente entende que ama Thereza. Em relação à política, ele critica, mas nada faz, quer dizer, ele escreve um artigo sobre uma teoria que ele criou muda muita coisa por causa do editor, e acaba sofrendo as conseqüências disso quando retorna a Praga sob governo soviético, mas nem ele mesmo dá importância ao texto que escreveu, só não assinou a carta que o governo mandou ele assinar para não ceder e acho que pra não se sentir humilhado como o restante das pessoas que trabalhavam com ele no hospital. Participou da caminhada mas era fraco o suficiente para ficar sempre escondido nas laterais do movimento, nem quando Thereza foi bater as fotos de perto e entrar na confusão verdadeiramente ele quis se envolver, via tudo de fora, como um telespectador medroso.


4. Sabine: alma artista, atitude de artista, talvez a única verdadeiramente leve na história, sem amarras de nenhum tipo, quer dizer, ela é um pouco presa a Tomas de um jeito diferente, que a impede inicialmente de gostar de Thereza, mas que não é amor ou paixão, talvez um sentimento do posse... não sei. É egocêntrica e narcisista, como nas cenas que ela faz sexo se olhando no espelho ou quando põe o espelho no chão e fica se observando. Gosta de viver a vida, é impulsiva e como ela mesma diz “adora abandonar tudo”, é aquela que mais ver as coisas com clareza provavelmente porque não é apegada a nada e consegue separar emoção, que ela não tem muita, de olhar crítico e ácido. O seu ponto de vista dá um tom mais realista e banal às ações políticas que estão ocorrendo.


  • Algumas informações úteis:
    A invasão soviética a praga e à república tcheca: Em 1968 a cidade foi cenário do movimento popular que se tornou conhecido como Primavera de Praga, que resultou na invasão das tropas do Pacto de Varsóvia. As manifestações populares de repúdio à ocupação se multiplicaram e foram reprimidas com violência. Em 31 de dezembro de 1992, com a dissolução dos laços que uniam checos e eslovacos numa federação única, Praga deixou de ser a capital da Checoslováquia e passou a ser capital da República Checa.(Wikipedia)
    Primavera de Praga: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_de_Praga
    Revolução de Veludo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_Veludo

  • Algumas observações inúteis:
    Muitos, muitos pêlos nas axilas de Juliete Binoch!!
    O ator que faz Tomas não é bonito!! Além do que, me lembra o ator de Two and a Half men!!

NOTA DO LISTAL: 9,0

Um comentário: