sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Solidão e a Miséria

Eu definitivamente me incomodei com esse filminho, bem curtinho mas comovente. Me incomodei com sua solidão e a sensação de miséria que ele deixa transparecer. Nada mais é do que o reflexo de uma criança abandonada, rejeitada, acolhida por alguém que não conseguiu despachá-la e teve que acolhe-la. Realmente deve ser o reflexo da vida do próprio ator/diretor/produtor, mas também é tão atual que mostra a realidade de hoje em todas as suas partes. Foi um filme tocante sem dúvidas. Gostei da fotografia tb, obviamente as coisas tostas de um filme antigo me incomodam pq gosto de coisas modernas, mas esse é sem dúvida belo.

NOTA DO LISTAL: 8,0

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O guri

Achei o filme muito bom. Não posso dizer que é o melhor, porque ainda não consigo superar minha predileção por tempos modernos, mas, dos filmes de Chaplin que eu já vi, esse é, definitivamente, o mais bonito.
Tem cenas que são lindas demais, como a cena em que o Garoto vai fazer o jantar e exige que o Vagabundo levante-se para sentar-se à mesa para comer, mas não sem antes rezar. A cena da mãe sentada na calçada, olhando para o céu, com um bebê de uma família pobre no colo e o Garoto sentado na escada, logo ao lado, também é muito bonita. Fotografia em filme de Chaplin não precisa de comentário. A estória em si é sobre um drama de uma mãe solteira que, ao se deparar com as dificuldades e desprezo pela sua condição, num impulso, deixa o Garoto em um carro de uma família rica. Após um tempo de caminhada, ela se arrepende e volta para resgatar eu filho, mas não encontra mais o carro no local. Então, ela bate à porta da família desesperada na tentativa de conseguiu o filho de volta, mas o chauffeur, enquanto ela explica a situação para a dona da casa, informa que o carro havia sido roubado.
O Vagabundo termina encontrando o Garoto e, não conseguindo livrar-se dele, termina lendo a nota que diz "Love and Care for this orphan child".
Um monte de coisa acontece e, indo direto para o sonho, achei peculiar uma coisa. Durante todo o filme ele vive com o Garoto e se afeiçoa e necessita dele. Em momento algum, se não no sonho, aparece mulher alguma para ele (digo, como relacionamento). Então, de forma meio solta no filme, me pareceu que o sonho representava o amor puro de uma criança como salvação e a mulher como a perdição do homem. Após ler o Teaser até tentei ver se era uma relação com a vida pessoal no momento em que ele vivia, mas, levando-se em conta que ele havia perdido o filho e que não sei o motivo da separação da mulher, não consegui fazer relação com segurança de nada. Em resumo, achei o sonho um tanto solto da trama, que é toda muito bem amarrada.

Ps.: Achava que esse era o filme da rosa vermelha. Descobri que não é. Qual é ele, finalmente?

NOTA NO LISTAL: 9.0

O Garoto (1921)


















O filme começa com um letreiro dizendo que traz "um sorriso e talvez uma lágrima", uma boa definição deste que talvez seja o filme de Chaplin que melhor equilibre humor e sentimentalismo e um dos que melhor envelheceu.

Inicialmente concebido como um curta, acabou ficando um ano em produção e tornando-se o primeiro longa do diretor (o que era uma ousadia na época), extremamente elaborado; o perfeccionista Chaplin filmou mais de 50 vezes a metragem total do filme até ficar satisfeito com o resultado. Além disso, boa parte da magia deve-se ao menino Coogan (1914-84), ótimo ator e que fazia uma perfeita combinação com Chaplin (o filme tornou-o um astro muito popular no período mudo até decair na adolescência; anos depois sua família gastaria todo o dinheiro que ele ganhara, provocando a criação de uma lei para proteger atores infantis de seus pais ambiciosos, até hoje chamada de Coogan Act; mais tarde ele teria novamente popularidade como o Tio Fester da série de TV "A Família Addams").

O filme foi feito num momento delicado da vida de Chaplin, quando tinha problemas no casamento (sua futura esposa Lita Grey aparece no filme, como o anjo coquete que tenta seduzi-lo na seqüência do sonho) e seu filho nascido com problemas de formação morrera após três dias de vida. Isto mais as óbvias semelhanças entre o filme e a infância miserável do diretor em Londres, onde também foi tomado da mãe e enviado para um orfanato, podem explicar o extremo vigor e carinho com que abordou o projeto e a perfeição do resultado, sem dúvida um dos pontos altos de sua carreira e um de seus maiores sucessos de bilheteria.

Por: Rubens Ewald Filho

(Fonte: http://cinema.uol.com.br/dvd/o-garoto-1921.jhtm)