Já de princípio tenho implicância com autor que não dá as chaves na obra para ela ser bem compreendida. Mas as pessoas, intelectuais digamos assim, gostam desse tipo de quebra cabeça e podemos pelo menos afirmar que Kaufman é mais consistente e sério que qualquer Lynch. Mesmo que por vezes incompreensível pode ser achar que Kaufman é pretensioso, mas sua inquietação ao menos parece sincera.
A história é centrada num diretor teatral chamado Caden Cotard (Hoffman), que tem paralelos com Proust, e teria uma doença chamada Síndrome de Cotard, que provarão ilusões negativas e nihilistas. Ele é casado com uma artistas plásticas (Keener) e pai de uma garotinha. Consegue uma grande verba para montar um super espetáculo de teatro de vanguarda e o tempo vai passando sem que os personagens percebam (porque os espectadores estão muito conscientes do sofrimento). Tem uma piada ótima quando um dos atores diz: mas faz 17 anos que ensaiamos e ninguém viu ainda!
A esta altura já ficou claro que se trata de um filme experimental, que brinca com a estrutura e o tempo cinematográfico. Ou seja, a expectativa já vira outra. Não espere muita coerência, aceite vôos de imaginação pela fantasia e a abordagem de forma inaudita dos grandes medos do ser humano: solidão, morte, doença, futilidade. Não é uma diversão recomendada a ninguém que queria um entretenimento leve e passageiro. Nem pensar. Assistir a segunda parte do filme é um exercício penoso.
Não cabe aqui uma análise mais aprofundada. Mas espero que tenham aqueles que a façam. Quem sabe quando eu vou rever o filme num bom cinema. Ele merece esse respeito ao menos.
(Fonte: http://www.rubensewaldfilho.com.br/home/cinema_detalhe2.asp?paNFilme=1644)
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