sábado, 26 de setembro de 2009

Filme 5: A insustentável leveza do ser

Antes de mais nada, como o objetivo do blog é, de certa forma, discutir os filmes (e pela primeira vez as opiniões foram muito discordantes), vou falar sobre o que discordo sobre o post de Blake.

1 - Thereza foi injustiçada. Acho que, verdadeiramente, ela é a personagem mais forte do filme. É a única equilibrada que ama e quer ser amada e toma o rumo de sua vida. Politicamente, não fica pra traz. Pode não ser partidarista, politizada no sentido de participante do núcleo político, mas ela, durante a invasão de Praga, é a verdadeira indignada com a situação. Ela vê o que estava sendo feito com o povo e se indignou com isso. Foi corajosa à ponto de se arriscar, por acreditar que a denúncia de tais absurdos era seu dever, sua forma de se impor politicamente à situação. Quando foge de Praga, após seu retorno, não é pela "feiura" da cidade, mas por, pela primeira vez, se sentir realmente oprimida pelo sistema. E isso só foi possível porque tocaram no ponto mais verdadeiro dela: seu amor por Thomaz. Quando a suspeita de que o engenheiro fosse um agente chantagista que revelaria, ou ameaçaria revelar suas fotos, para Thomaz, aí ela abandonou tudo para se refugiar no campo.

2 - Thomaz é um personagem um pouco mais denso que a superficialidade demonstrada por ele. Acho que a ele é dedicado com mais ênfase o título da obra. Apesar de sua tentativa, não com a sua verdade (como é o caso de Thereza, que não tenta provar nada, mas se permite criar um ponto de vista individual sobre as coisas. Sem submetê-las a preceitos maiores, mas julgando-as à partir de uma visão mais ampla), mas com o seu princípio de vida - de viver a vida de forma leve, ele passa superficialmente por tudo que perturba esse seu dogma. Porém, essas pequenas afirmações de seu estilo são feitas quando ele não põe em risco o que realmente é importante para ele: o amor de Thereza. Quando ela regressa para Praga, toda sua filosofia é posta de lado, e ele assume a força do amor dele por ela (maior que qualquer noção física ou ideológica de liberdade). Ele se permite afirmar politicamente enquanto isso não interfere no seu romance.

3 - Sabine é a mais sábia, e a mais superficial das personagens. Se me perguntassem com qual atitude perante o ocorrido em praga eu concordo mais, certamente, minha resposta é: com a atitude de Sabine. Lutou para se preservar e tentar uma vida saudável. Sua superficialidade está exatamente aí. Ela é uma personagem que não se permitiu amadurecer. Enquanto os demais personagens se permitiram mudar com o tempo, ela manteve sua superficialidade, numa vida nômade, onde não precisa se aprofundar em nada porque não se apega com nada. Uma personagem um tanto Seinfeld - começou e terminou o filme na mesma. Ela não era livre, mas prisioneira de medos - como o de um relacionamento mais profundo.

Bem, de resto, é um filme muito bonito e muito denso quanto à natureza das relações. Em determinados momentos, eram mostradas cenas fotograficamente perfeitas. Até salvei algumas no meu computador, mas a cena para mim digna de troféu é a cena dos homens jogando xadrez na terma (segue abaixo)




















NOTA NO LISTAL: 9.0

Um comentário:

  1. tsc tsc... concordo com algumas coisas que vc falou, acho que o ponto que discordamos é justamente os pontos que ví no livro, mas acho que também é uma interpretação minha. O que vc falou tem lógica mas não mudo meu ponto de vista! Sou fã de Sabina!! hehehe

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