segunda-feira, 5 de outubro de 2009

#9 - Queime Depois de Ler

Por: André Azenha

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Queime Depois de Ler (Burn After Reading, EUA, 08). Direção e roteiro: Joel e Ethan Coen. Elenco: George Clooney, Frances McDormand, Brad Pitt, John Malkovich, Tilda Swinton, J.K. Simmons. Comédia. 96 min.

7,5

Após a consagração no Oscar de 2008, os irmãos Ethan e Joel Coen voltaram a investir no humor negro com um filme que beira o pastelão em alguns momentos. “Queime Depois de Ler” é mais “Fargo” que o premiado “Onde os Fracos Não Têm Vez”, ainda que recorra, em escala menor, a elementos de ambas as produções.

Do filme de 1996 (que rendeu Oscar de roteiro para a dupla e de Melhor Atriz para Frances McDormand, esposa de Joel Coen e protagonista deste longa), são heranças o humor negro e a crítica à ganância sem precedentes. Do último, vencedor das estatuetas de Filme, Direção, Roteiro Adaptado e ainda Ator Coadjuvante para Javier Barden, ficaram o desfecho anticlimático (menos chocante), e o paralelo à violência americana.

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Ainda que mantenha as (boas) características de uma produção dos irmãos, o longa soa inferior aos filmes anteriores da dupla e se sustenta principalmente na interpretação natural do elenco respeitável.

Desta vez, os Coen (diretores e roteiristas) satirizam os filmes de espionagem. Um ex-agente da CIA, Osbourne Cox (John Malkovich), que pediu demissão quando a agência lhe ofereceu um posto burocrático, decide escrever um livro de memórias que cai nas mãos de dois palermas instrutores de academia, Linda (Frances McDormand) e Chad (Brad Pitt) - que querem lucrar com o material.

À história de chantagem somam-se a mulher de Cox, Katie (Tilda Swinton), que o trai com um segurança do governo (George Clooney), que por sua vez marca um encontro pela Internet com Linda, que desesperadamente está querendo fazer cirurgias para ficar mais jovem, e por aí vai… É o círculo de ações de um “Grande Lebowski”, com doses de “Fargo”, acrescentando pitadas de ironia à busca desenfreada pela beleza, tudo num tom sarcástico, pontuado por personagens idiotizados (inclusive os agentes da CIA). É praticamente uma comédia pastelão. A celebração do absurdo pelo absurdo. Pra se ter uma idéia, a palavra “fuck” é dita sessenta vezes no decorrer da projeção, sendo que seis delas somente nos dois primeiros minutos do filme.

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Mais que tudo isso, trata-se de um longa-metragem realizado por pessoas que se gostam e parecem ter se divertido pacas nas filmagens: Pitt (impagável como um instrutor bobalhão) trabalhou com Clooney em “Onze Homens e Um Segredo” e suas duas continuações; Clooney por sua vez dividiu a tela com Tilda Swinton em “Conduta de Risco” e já atuou sob a batuta dos Coen. E Frances McDormand… Bem, além de esposa de Joel, trabalhou em vários outros filmes dos cineastas. Já John Malkovich novamente se destaca - é o ator mais expressivo do elenco. Seu personagem foi criado especialmente para ele e o veterano artista não parece ter feito muito esforço para compor o agente frustrado e ressentido.

De ambição artística menor, “Queime Depois de Ler” abriu o Festival de Veneza, mas não repetiu as premiações das obras anteriores dos Coen. Porém, pode garantir boas risadas, principalmente se não for levado a sério.

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(Fonte: http://cinezencultural.com.br/site/?p=676)

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