domingo, 4 de outubro de 2009

Uma Vida Bege

Eu particularmente ADORO Woody Allen mas nunca havia visto um drama verdadeiro feito por ele. Eu também gosto muito de dramas, me fazem pensar sobre meus próprios conflitos. Juntando os dois eu acho que gostei também. Interiors é um filme denso, sobre mulheres difíceis, sobre inveja, busca de algo significativo para a vida e principalmente solidão. A mãe é uma mulher sofrida, o esteriótipo perfeito da depressão, egoísta e extremamente solitária que após o divórcio fica mais terrivelmente sem graça. Definitivamente uma mulher sem graça, com um conceito de arte sem espírito, tudo ao seu redor é bege e branco dando um tom de solidão e tristeza, talvez até de vazio. Sempre busca a morte como alternativa para os seus problemas, mas acho que na verdade era só uma tentativa de chamar atenção para si e ser mais um pouco egoísta. Se mostra sempre frágil e faz com que as pessoas ao seu redor fiquem o tempo inteiro ponderando o que falam. Eu detesto gente assim e detestei a personagem, obviamente muito bem interpretada por Geraldine Page. Aquela cena da fita sendo colada nas portas, com aquele barulho insuportável realmente me incomodou. Quanto às filhas, Diane Keaton, como musa de Woody, era a mais normal e mais conformada também e a mais bem sucedida com a qual Joey, a irmã do meio, tinha inveja da criatividade. Ambas entretanto tinha seu conflito, Renata (Diane K.) procurava o sentido da sua vida, talves porque já tivvesse tudo o que precisava na vida, até o marido frustrado e chato, e também tinha inveja da relação irmã com o pai. E Joey tinha inveja da criatividade da irmã, do relacionamento da irmã e se tinha um sentimento de obrigação de cuidar da mãe que as outras não tinham, talvez por um "complexo de édipo" feminino. A irmã mais nova, Flyn, era a narcisista, não se preocupava com ninguém além dela mesma e era extremamente simples em relação à vida, acho que é a única personagem leve do filme.
O pai era uma pessoa peculiar, que suportou um casamento com uma depressiva o quanto pode e depois suavemente foi se deixando afastar dessa realidade doentia encontrando, pra mim, a melhor personagem do filme, Pearl, uma mulher decidida, alegre, com uma imensa vontade de viver e que muda com sua jovialidade sessentona o cenário ao seu redor, incomodando os personagens conformistas como Joey. O contraste de suas cores com aquela casa sem graça demonstra muito bem isso. Adorei ela, ela expira vida!
Conclusão: um filme brilhando, com atores ótimos e uma direção e direção de arte perfeita.

NOTA DO LISTAL: 8,0

Um comentário:

  1. Pelo visto, não vimos os personagens da mesma forma. Você foi mais cruel com a mãe e mais condescendente com Diane Keaton. Mas engraçado! Um filme escrito e dirigido por um homem, onde os personagens masculinos são claramente jogados para fora do palco.
    Eu me realmente gostei desse filme. O 8.0 foi porque ele não foi digno de fogos de artifício tb.

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